Designada inicialmente Alhama, como acontecia com Aragão, Granada e Múrcia, localidades termais Árabes em Espanha, Alhandra foi também conhecida, no período que se seguiu à Reconquista Cristã da Península Ibérica, como o lugar de Torre Negra. A palavra Alhama, poderá derivar de uma corrupção árabe da palavra Alhodera ou Alhodra, que identifica tributo. A hipótese – porque é disso que se trata - não está historicamente confirmada, uma vez que é grande o desconhecimento sobre a vida no local no período anterior à reconquista cristã.
A Praça 8 de Maio de 1944, junto à Estação Ferroviária, imortaliza a data da primeira greve aqui realizada. O progresso associado à mudança fez com que a boa parte das construções seja da viragem do séc.XX, muitas com fachada de azulejos. E representativo é também o Bairro Fabril da Cimpor, com pátio ao centro, criando um arremedo de aldeia portuguesa, bem à medida dos valores do Estado Novo.
Incrustada num território caprichosamente desenhado pela erosão, a povoação de Calhandriz, anfiteatro natural de grande beleza, é muito anterior à fundação de Portugal. O traçado urbano da freguesia, agarrado ao relevo da serra, e por isso nem sempre harmonioso, é único no concelho de Vila Franca de Xira.
O casario estende-se encosta abaixo, num cair suave que agrada aos seus cerca de novecentos habitantes, beneficiários das fantásticas vantagens de um ambiente rural tranquilo.
Os parcos vestígios arqueológicos encontrados na Ribeira de Calhandriz, ao longo da qual se desbravava um caminho de terra batida que conduzia a Alverca, permitem concluir que a presença humana no local data do período pré-histórico. Da passagem dos romanos pelo local pouco se sabe, não existindo outro testemunho em pedra que não seja a lápide trabalhada que se encontra à entrada da Igreja de São Marcos, que terá pertencido a um edifício senhorial.
Palco das invasões Francesas no início do século XIX, Calhandriz acolheu cinco importantes fortes militares, integrados nas famosas Linhas Defensivas de Torres Vedras. Os vestígios dessas fortificações, construídas na serra, entre montes e vales, são ainda visíveis, e bem assim visitáveis, nos dias de hoje. É o caso, nomeadamente, do Reduto Novo da Costa da Freira e do Reduto da Serra do Formoso (este último localizado numa zona de fronteira entre S. João dos Montes e Calhandriz), em bom estado de conservação.
Tornada famosa pela excelente qualidade das cerejas que produz, Calhandriz é terra de bom vinho e boa mesa, atributos que transformam as desvantagens da interioridade num benefício, não só para os que lá vivem mas, também para os que a visitam. Tempos houve em que teve quintas famosas, que os mais velhos ainda recordam, como Quinta Alegre e a Quinta da Calçada, de produções abundantes.
Rainha do pedaço, a cereja preta de Calhandriz é a matéria-prima com que ali se faz ainda hoje um licor inimaginável, no aproveitamento de uma velha receita conventual. Os escassos treze quilómetros que separam de Vila Franca de Xira e os trinta que de Lisboa fazem dela um apetecível destino, convite irrecusável a descoberta da gastronomia, da natureza e das atividades ao ar livre.
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